Mãe Meninazinha de Oxum

Rio de Janeiro (RJ) 18 de agosto de 1937

BIOGRAFIA

Maria do Nascimento, Mãe Meninazinha de Oxum, nasceu em 1937 no Rio de Janeiro e foi criada no bairro de Ramos. Em 1960, foi iniciada no culto aos orixás por sua avó biológica, Iyá Davina de Omolu, no terreiro de Casa-Grande de Mesquita. Herdeira de um legado, Mãe Meninazinha fundou o terreiro Ilê Omolu Oxum, em 1968, onde iniciou mais de 300 (trezentos) filhos de santo. Ela se tornou uma das pioneiras na transformação destes espaços sagrados em ambientes de acolhimento e aprendizado, que vão além das celebrações e rituais religiosos. Na década de 1980, durante uma ação civil pública, foi uma das principais articuladoras para garantir a liberdade religiosa no país.

Sua preocupação em preservar a memória do povo de terreiro lhe motivou a criar, em 1997, o Museu Memorial Iyá Davina, que conta com um acervo de objetos sagrados e de uso rotineiro, fotografias raras e documentos relacionados à sua família de axé. Irresignada com a condição infame da coleção de objetos sagrados apreendidos pelo poder público no período entre 1889 a 1946, que ainda estavam presos no Museu da Polícia, Mãe Meninazinha de Oxum liderou o movimento Liberte Nosso Sagrado, criado em 2017, juntamente com outras lideranças religiosas da umbanda e candomblé. Após um embate político e judicial que mobilizou toda a sociedade brasileira, no dia 21 de setembro de 2020, os 519 objetos foram finalmente transferidos definitivamente para o Museu da República, onde estão acondicionados de forma digna e cuja guarda é compartilhada com a participação de um comitê formado por lideranças de religiões de matriz africana, no qual os representantes do Ilê Omolu Oxum são Mãe Meninazinha de Oxum, Mãe Nilce de Iansã e Iyawò de Oxóssi Marco Antonio Teobaldo. Em 2023, recebeu a homenagem da escola de samba Unidos da Ponte e a sua luta foi transformada no enredo Liberte Nosso Sagrado – o legado ancestral de Mãe Meninazinha de Oxum.

No decorrer de tantos anos de trabalho pela preservação e fortalecimento do povo do axé, Mãe Meninazinha de Oxum tem o seu reconhecimento por meio de dezenas de homenagens e premiações, conferindo-lhe, inegavelmente, o status de uma das principais referências do candomblé no Brasil. Contudo, vale destacar a Medalha Tiradentes, concedida pela Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), a maior condecoração do Estado do Rio de Janeiro e uma das mais importantes do país, em 10 de junho de 2010.

Sua incansável jornada pelos direitos das comunidades de religiões de matriz africana, continua na coordenação dos projetos realizados no terreiro, com especial destaque no combate ao racismo religioso e preservação das tradições do candomblé que ela aprendeu com Iyá Davina de Omolu.